Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro

 

25º Domingo do Tempo Comum
Am 8,4-7
Sl 112
1Tm 2,1-8
Lc 16,1-13

 

            Neste Domingo, a Palavra de Deus nos ajuda a meditar qual é a forma adequada de o cristão lidar com a política, na sociedade. Vivemos num tempo de polarização que remonta ao século passado, quando, após o final da II Guerra Mundial, surgiram dois modelos econômicos distintos que, de alguma forma, continuam a influenciar os arranjos políticos em todo o mundo: o capitalismo e o socialismo. Desde então, muitos se perguntam: a Igreja deve se meter nesta discussão? Alguns chegam a dizer que não, ignorando o que disseram todos os últimos Papas: “a política é a mais alta forma de fazer caridade”.

            Mas a resposta a esta pergunta é fácil: sim, os discípulos de Jesus devem participar desta discussão, pois, sendo Mãe, Mestra e “especialista em humanidade” a Igreja tem algo a colaborar com a sociedade em que vivemos. E qual é o lado da Igreja? Não é o do capitalismo ou o do comunismo/socialismo – mas o do Evangelho! E o que o Evangelho nos propõe? O dinheiro é de grande importância para o crescimento dos povos e deve ser usado com justiça. Mas o dinheiro não pode ser colocado acima do ser humano: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16,13).

            É por isso que “a Igreja tem rejeitado as ideologias totalitárias e ateias associadas, nos tempos modernos, ao comunismo ou ao socialismo. Além disso, na prática do capitalismo, ela recusou o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano” (CIgC, n. 2425). O comunismo é essencialmente ateu, tirando do ser humano o que ele tem de mais precioso: ser imagem e semelhança de Deus. O capitalismo coloca o dinheiro no lugar de Deus, gerando miséria e sofrimento entre os mais pobres, preferidos do Senhor. Ou seja, não é preciso ser comunista ou capitalista para entender a mensagem da Igreja. Na verdade, é necessário afastar-se destas ideologias (que cegam seus adeptos), para ver no Evangelho a verdadeira proposta de Deus para seus filhos: o bem, a justiça, a paz.

            Nesta reflexão, não podemos deixar de notar que, no centro da mensagem cristã, está sempre o amor para com os pobres. “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 15,12). “Ouvi isto, vós que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra” (Am 8,4)...

O Catecismo da Igreja Católica diz que é tarefa dos fieis leigos intervir diretamente na construção política e na organização da vida social, tendo sempre em vista o bem comum e em conformidade com a mensagem evangélica e a doutrina da Igreja. Que Deus abençoe nossos governantes (cf. 1Tm 2,1-2) e que o nosso povo se interesse cada vez mais pela boa política, aquela que é caridade, superando os ódios e defendendo o Evangelho.

 

* Para meditar as leituras deste 25º Domingo do Tempo Comum, acesse: Arquidiocese de Mariana.

Comentários

  1. Para aprofundar a reflexão a partir do Evangelho, podemos acrescentar algumas leituras que iluminam o tema:
    •Compêndio da Doutrina Social da Igreja
    -Capítulo VII: A Comunidade Política
    -Capítulo XII: Doutrina Social e o Compromisso dos Cristãos Leigos
    •CARTA ENCÍCLICA Rerum Novarum (Papa Leão XIII, 1891)
    Sobre a condição dos operários, dirigida a todos os Bispos da Igreja, é um marco fundamental na Doutrina Social da Igreja.

    •Vida e escritos de São Thomas More. Padroeiro dos políticos, autor da obra Utopia, que permanece atual na reflexão sobre justiça, bem comum e responsabilidade política.

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