Todos se reuniram e vieram a ti

  

Epifania do Senhor:
Is 60,1-6
Sl 71
Ef 3,2-3a.5-6
Mt 2,1-12

 

            A Sagrada Escritura testemunha uma certa evolução no pensamento do povo de Israel. Houve um período em que, por se considerar o Povo de Deus, os israelitas fecharam as portas de sua cultura e religiosidade aos outros povos, chamados pagãos. Aos poucos, porém, a Palavra de Deus revelada aos patriarcas e profetas, mostrou que Israel tem um papel importantíssimo em relação às outras nações, exatamente como um ponto de encontro de culturas e irradiação da mensagem do Deus único.

            Basta nos lembrarmos de Abraão, a quem Deus prometeu que todas as nações se reuniriam na sua descendência, como as estrelas do céu. Também o profeta Isaías anunciou: “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém... Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe com tuas filhas, carregadas nos braços” (60,1.4). Jerusalém será local de encontro de todos os povos, para encontrarem-se com o Criador: “As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!” (cf. Sl 71).

            A solenidade da Epifania (manifestação) do Senhor nos permite celebrar que este acontecimento esperado pela humanidade finalmente se concretizou em Jesus Cristo. A imagem dos magos vindos do Oriente para adorar o Senhor é um sinal de que finalmente chegou o tempo em que Jerusalém (não a cidade, mas a Igreja), se torna o lugar de encontro de todos os povos e culturas com Deus. “Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram” (Mt 2,11).

            O mais curioso é o fato de que Jesus tenha sido reconhecido como Senhor antes por estes estrangeiros do que pelo seu próprio povo. As autoridades dos judeus sabiam tanto quanto os magos que deveria nascer em Belém um grande líder para apascentar o povo. Mas como a reação é diferente! Enquanto os magos querem adorar o Menino, o rei Herodes quer tirar-lhe a vida, certamente com a conivência dos sumos sacerdotes e mestres da Lei.

            Este Domingo é uma oportunidade a mais para rezarmos pela UNIDADE – dos cristãos e de todo o gênero humano. Diante de Deus, somos todos iguais – Deus ultrapassa nossos cálculos humanos. Para crescermos em unidade, precisamos viver a HUMILDADE, de quem se deixa afetar pela visão do outro, de quem aceita dialogar. Aliás, pode ser que Cristo esteja sendo bem mais reconhecido fora de nossas estruturas do que possamos imaginar...

 

* Para meditar as leituras da solenidade da Epifania do Senhor, acesse: Arquidiocese de Mariana.

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