Não havia lugar para eles
Sl 95 / Sl 97
Tt 2,11-14 / Hb 1,1-6
Lc 2,1-14 / Jo 1,1-18
A
solenidade do Natal do Senhor é a grande celebração da vinda de Deus ao mundo,
para salvar o gênero humano e fazê-lo participante de sua vida divina. Os
textos bíblicos ajudam a meditar sobre a grandeza deste acontecimento: “O povo, que andava na escuridão, viu uma
grande luz. Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz
aos ombros a marca da realeza” (Is 9,1.5). “Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje,
na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc
2,10-11). “Os confins do universo
contemplaram a salvação do nosso Deus” (Sl 97,3). “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).
Mas
é importante percebermos que, embora este acontecimento seja de tanta alegria,
existe também uma contradição presente nele. Por que Jesus, o Verbo feito
carne, não foi acolhido como deveria? O evangelista Lucas diz que, quando “Maria deu à luz o seu filho primogênito,
ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na
hospedaria” (2,7). João relata o mesmo, com palavras diferentes: “A Palavra estava no mundo – e o mundo foi
feito por meio dela – mas o mundo não quis conhecê-la. Veio para o que era seu,
e os seus não a acolheram” (1,10-11).
Não
havia lugar para eles na hospedaria... Não havia lugar para o Cristo no mundo
em que Ele nasceu! Ele é a Palavra – por Ele é que o mundo foi feito. Mas o
mundo parece estar mesmo preocupado com tudo, menos com o projeto de Deus.
Olhemos à nossa volta: não parece estarmos numa condição diferente. O Natal
parece ser uma festa do consumismo, de reuniões familiares cheias de presentes
e vazias de sentido, um feriado esperado por muitos para aumentarem sua
ociosidade. Enquanto isso, nações armam-se umas contra as outras, crianças
morrem por toda a terra vítimas da imigração forçada e do tráfico humano, o ser
humano destrói toda a maravilha da criação cujo cuidado Deus lhe confiou... Não há
lugar para Ele na hospedaria. Ele veio para o que era seu, e os seus não o
acolheram...
Na
narração do evangelho, só há um conjunto de pessoas que pôde acolher Jesus
quando Ele nasceu – os pastores. Certamente porque, como Jesus, não havia lugar
também para eles na cidade. É aos simples, aos desapegados de si mesmos, que
Deus comunica sua graça e encontra acolhida. Esta graça “nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver
neste mundo, com equilíbrio, justiça e piedade” (Tt 2,12). “Bem-aventurados os puros de coração, porque
verão a Deus” (Mt 5,8). Não é à toa que tenha sido São Francisco de Assis a
redescobrir a beleza do nascimento de Jesus, ao inventar o presépio, há mais de
800 anos... Peçamos que Jesus purifique nossos corações, para que seu
Nascimento encontre espaço em nós e dê sentido novo às nossas vidas.
Um
feliz e abençoado Natal a você e sua família!
* Para meditar as leituras desta solenidade do Natal do Senhor, acesse: Arquidiocese de Mariana.

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