Jesus foi a Nazaré, sua terra


14º Domingo do Tempo Comum:
Ez 2,2-5
Sl 122
2Cor 12,7-10
Mc 6,1-6

 

            A maior parte da vida de Jesus aconteceu em Nazaré, no escondimento. Pouco se sabe sobre os seus primeiros trinta anos, antes de iniciar sua vida pública. Mas o seu estilo de vida simples e austero em sua terra natal permanece sendo uma inspiração forte para tantos que experimentam o encontro com Deus na simplicidade do cotidiano, nos afazeres domésticos, no trabalho humilde e desconhecido. São Carlos de Foucauld ficou tão encantado por este mistério de humildade e escondimento que, quase dois mil anos após o nascimento de Jesus, mudou-se também para Nazaré, para ali viver uma vida parecida com a de Cristo.

            Certa vez, depois de iniciar sua missão pública, “Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: ‘De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?’ E ficaram escandalizados por causa dele” (Mc 6,1-3).

            Qual o motivo desta estranheza, deste escândalo? Se as palavras de Jesus era verdadeiras, porque seus conterrâneos ficaram admirados e o rejeitaram? Certamente eles não estavam preparados para experimentarem uma verdade fundamental em nossas vidas: Deus se manifesta também nas coisas simples e banais do dia-a-dia! Possivelmente eles pensavam que o Messias esperado viria numa cidade importante (Jerusalém), cheio de glória e esplendor, triunfante sobre tudo e sobre todos, para restaurar a realeza da casa de Davi. Mas... em Nazaré? “De Nazaré pode sair algo de bom?” (Jo 1,46).

            Também em minha vida, posso passar muito tempo esperando grandes experiências com Deus, eventos impressionantes, em lugares muito distantes. Mas pode ser que Deus esteja se manifestando a mim em minha própria cidade, em minha família, em meus afazeres diários, que não são sem importância – como não o era o serviço de carpintaria de José e de Jesus. Deus fala nas pequenas coisas, “pois é na fraqueza que a força se manifesta” (2Cor 12,9). O Papa Francisco, referindo-se a São José, disse que seu exemplo “lembra-nos que todos aqueles que estão, aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo na história da salvação. A todos eles, dirijo uma palavra de reconhecimento e gratidão” (Patris corde).

Continua...

 

* Para meditar as leituras deste 14º Domingo do Tempo Comum, acesse: Arquidiocese de Mariana.

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