Onde estás?

 

10º Domingo do Tempo Comum:
Gn 3,9-15
Sl 129
2Cor 4,13-18-5,1
Mc 3,20-35

 

            No trecho do evangelho de Marcos proclamado neste Domingo, Jesus está ainda iniciando sua missão junto a seus discípulos e já enfrenta grande resistência da parte das autoridades dos judeus: “Os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios” (3,22). Jesus os adverte duramente, escancarando a dureza de seus corações e a gravidade de seu pecado: “quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno” (3,29). Por ciúme, os mestres da Lei pecam contra o Espírito Santo que move Jesus, fechando os olhos para o Reino de Deus que finalmente chegara.

            A atitude dos perseguidores de Jesus nos faz recordar uma tendência sempre muito presente em nossos corações, a maledicência. É muito comum que, quando nos sentimos inseguros ou quando desejamos eliminar o bem que alguém está fazendo, procuremos difamá-lo com outros, para manipular a opinião das pessoas a nosso favor e, assim, tirarmos proveito desta situação e eliminarmos nosso irmão. O livro do Gênesis (3,9-15) ilustra esta realidade, quando nem o homem nem a mulher assumem sua culpa por terem comido da árvore. Jogam a responsabilidade um para o outro e, por fim, culpam a serpente. Será mesmo?

            Esta é a mesma maneira, portanto, que as autoridades dos judeus encontram para tentar diminuir o prestígio de Jesus e, quem sabe, até mesmo eliminá-lo deste mundo. Quantas pessoas em nossa sociedade são eliminadas por notícias falsas e exposições invasivas! Também nossas comunidades não estão isentas disto. Basta pensarmos na realidade da fofoca, tão presente em nosso meio. Certa vez, o papa Francisco disse que a fofoca é uma peste pior que a Covid: “As fofocas fecham o coração à comunidade, impedem a unidade da Igreja. O grande fofoqueiro é o diabo, que sempre sai dizendo coisas ruins dos outros, porque ele é o mentiroso que tenta desunir a Igreja, afastar os irmãos e não fazer comunidade. Por favor, irmãos e irmãs, façamos um esforço para não fofocar” (Angelus, 6 set. 2020).

            Depois do pecado original, Deus perguntou a Adão: “onde estás?” (Gn 3,9). Esta pergunta, Ele repete também a nós, hoje. No que se refere à maledicência, onde eu estou? Como tem sido o meu comportamento? Tenho amado meus irmãos e reconhecido a grandeza do Espírito Santo que habita neles ou tenho blasfemado, como aqueles mestres da Lei que, por não quererem mudar de vida, acabam por tentar eliminar quem os estava incomodando?

 

* Para meditar as leituras deste 10º Domingo do Tempo Comum, acesse: Canção Nova.

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