O sábado foi feito para o homem
Dt 5,12-15
Sl 80
2Cor 4,6-11
Mc 2,23-3,6
Com
as leituras deste Domingo, podemos ter uma primeira impressão de que Deus está nos
apresentando duas situações opostas, dois caminhos completamente diferentes. No
livro do Deuteronômio, o Senhor fala ao povo: “Guarda o dia de sábado, para o
santificares, como o Senhor teu Deus te mandou. Trabalharás seis dias e neles
farás todas as tuas obras. O sétimo dia é o do sábado, o dia do descanso
dedicado ao Senhor teu Deus” (5,12-14).
Já no evangelho de
Marcos, Jesus, que era judeu e, portanto, deveria respeitar a lei do sábado (descanso
sabático), está em plena atividade, colhendo espigas pelo caminho e até mesmo
curando um homem de sua enfermidade. Isto causou grande espanto, especialmente
nas autoridades do povo, que viram nestas atitudes de Jesus uma grande
transgressão: “Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes,
imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo”
(3,6).
Mas
pode Deus ser contraditório? Pode o mesmo Deus que instituiu a lei do descanso
sabático ser um transgressor desta lei? É claro que não! Cristo é o primeiro a
viver o que Ele mesmo disse aos seus: “Seja o vosso sim, Sim; e o vosso não, Não”
(Mt 5,37). Precisamos entender qual o valor desta lei prescrita no Deuteronômio
e qual é o sentido que lhe dá Jesus.
Antes
de mais nada, o descanso é uma necessidade humana, uma questão de direito
trabalhista e social, para usarmos termos modernos. Deus, sempre preocupado com
o bem-estar do ser humano, criado à sua imagem e semelhança, valoriza esta necessidade
e a eleva a um nível de mandamento para seu povo. O descanso no sábado torna-se
também uma maneira de participar do própria obra criadora de Deus, que
descansou no sétimo dia, após criar tudo (cf. Gn 2,2). O sábado, muito além do
descanso físico, é uma oportunidade de descansar em Deus, pela participação na
vida de fé: “Exultai no Senhor, nossa força!” (cf. Sl 80).
Jesus
não abole esta lei! Ele apenas mostra qual é o seu objetivo: o cuidado com a
vida humana, com a dignidade dos filhos de Deus. Uma lei que foi instituída
para libertar, não pode se tornar uma prisão para o ser humano, como estavam
fazendo os fariseus, querendo legislar sobre os menores detalhes das ações em
dia de sábado. “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.
Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc 2,27-28).
Deus
nos mostra o valor do descanso. Em nosso caso, já não guardamos mais o sábado,
mas o Domingo, dia do Senhor, de sua Ressurreição. Tenho observado este
preceito e dado a Deus um lugar central no Domingo? Quais são as minhas
prioridades? Tenho procurado descansar em Deus e, como Jesus, lutar pelo bem
comum?
* Para meditar as leituras deste 9º Domingo do Tempo Comum, acesse: Canção Nova.

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