Estando fechadas as portas, Jesus entrou

 
 

2º Domingo da Páscoa:
At 4,32-35
Sl 117
1Jo 5,1-6
Jo 20,19-31

 

            “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: <A paz esteja convosco>” (Jo 20,19). Após a crucificação, os discípulos estão amedrontados, de portas fechadas, temerosos de que aconteça com eles o mesmo que ocorreu há pouco com seu Mestre. Jesus ressuscitado aparece a eles, concedendo-lhes o dom de sua paz, que liberta do medo, faz-nos novas criaturas. “E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: <Recebei o Espírito Santo>” (20,22).

            Em nossa vida pessoal e comunitária, como precisamos deste encontro com o Cristo ressuscitado!

Carregamos tantos sentimentos ruins, mágoas, ressentimentos, desilusões... Nossa casa (vida) está constantemente com as portas fechadas para a alegria que o Ressuscitado quer nos comunicar. E, em casa fechada, sabemos bem o que acontece: mofo, umidade, sujeira... A vida se torna amarga, inóspita, sem graça. O encontro com o Cristo vivo, que nos dá o dom de seu Espírito, restitui a nossa paz, permite-nos viver na alegria de sermos filhos amados de Deus. “E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1Jo 5,4).

            Os discípulos, outrora trancafiados em seus medos, após experimentarem o Senhor ressuscitado, transformaram-se numa comunidade alegre, que encantava a todos: “a multidão dos fieis era um só coração e uma só alma” (At 4,32). De fato, “a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento” (EG, n. 1).

Como naquele tempo, a Igreja precisa constantemente renovar este encontro com o frescor da Ressurreição de Cristo, com o Espírito que dá vida. O papa São João XXIII presenteou-nos com uma bela cena que ilustra esta realidade: para explicar o motivo de convocar o Concílio Vaticano II, o “papa bom” começou a abrir diante dos cardeais as janelas da sala em que estavam, indicando que a Igreja precisava de novos ares, sair de uma atmosfera de medo e condenação e voltar à pureza original da abertura ao Espírito Santo.

Abramos também as portas e janelas de nossa casa/vida ao Cristo Ressuscitado! Seremos muito mais felizes...

 

* Para meditar as leituras deste 2º Domingo da Páscoa, acesse: Arquidiocese de Mariana.

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