O Espírito levou Jesus para o deserto
Gn 9,8-15
Sl 24
1Pd 3,18-22
Mc 1,12-15
O
primeiro Domingo da Quaresma nos leva ao deserto, para onde o Espírito conduziu
Jesus. “E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por
Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam” (Mc 1,13). A
riqueza da liturgia da Igreja consiste no fato de que, ao celebrarmos a
Quaresma, não apenas recordamos o que aconteceu com Jesus, mas nos dispomos a
viver intensamente o que Ele mesmo viveu. Também nós, nestes dias, podemos ir
ao deserto, conduzidos pelo Espírito, para sermos formados por Jesus.
No
silêncio do deserto, o homem é capaz de voltar à sua comunhão original com
Deus, tal como Deus a quis, desde o princípio dos tempos. Deus criou-nos à sua
imagem e semelhança (cf. Gn 1,27) e deseja estabelecer conosco uma aliança
perpétua, indissolúvel, como a que fez com Noé: “Eis que vou estabelecer minha
aliança convosco e com vossa descendência, com todos os seres vivos que estão
convosco: aves, animais domésticos e selvagens, enfim, com todos os animais da
terra, que saíram convosco da arca” (Gn 9,9-10). Quando o evangelista narra que,
no deserto, Jesus vivia entre animais selvagens e era servido por anjos, ele apresenta
Jesus como o novo Adão, que traz ao ser humano novamente a comunhão com Deus e
com as demais criaturas, que havia sido perdida pelo pecado original.
Mas,
antes disso, o deserto da vida cristã é um lugar de contradições: fome e
alimento, tentação e obediência. Neste trecho, Marcos é bastante sucinto e “não
explica o conteúdo da tentação, mas pela leitura do seu Evangelho sabemos que a
tentação fundamental na vida de Jesus foi uma só e sempre a mesma: deixar de
lado o caminho do serviço e assumir outro mais eficiente” (Mons. Celso Murilo). São as tentações espirituais que experimentamos
a cada dia: o ter, o poder, o prazer... Jesus é tentado com a mesma proposta
que a serpente fez aos primeiros pais: colocar a vontade do homem acima da
vontade de Deus – idolatria.
O
Senhor, contudo, oferece-nos o remédio para vencê-las: a obediência. “No
Espírito, ele foi também pregar aos espíritos na prisão, a saber, aos que foram
desobedientes antigamente, quando Deus usava de longanimidade, nos dias em que
Noé construía a arca” (1Pd 3,19-20). Jesus, como servo obediente, coloca a
vontade do Pai acima de sua própria vontade. Os que participam da vida de
Cristo pelo Batismo igualmente devem ser obedientes à vontade de Deus, se
quiserem viver plenamente a comunhão com o Criador e com a criação.
* Para meditar as leituras deste 1º Domingo da Quaresma, acesse: Arquidiocese de Mariana.

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