Estavam todos com muito medo
Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18
Sl 115
Rm 8,31b-34
Mc 9,2-10
Estamos
no monte da Transfiguração. Jesus está preparando-se para ir com seus
discípulos para Jerusalém e sabe muito bem que, na Cidade Santa, será rejeitado
e morto – e, depois, ressuscitará. O Filho de Deus prepara-se para este difícil
momento através da intimidade da relação com o Pai, que o enviou ao mundo.
Subir ao monte é um símbolo da vida de oração, do deixar um pouco de lado as
preocupações do mundo e ocupar-se tão somente com aquilo que é necessário:
fazer a vontade de Deus.
Naquele
monte, além de Jesus, estavam três de seus discípulos: Pedro, Tiago e João.
Pedro, porta-voz dos demais, mostra a Jesus que também eles estavam com medo e,
por isso, queriam permanecer ali: “Mestre, é bom ficarmos aqui... Pedro não
sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo” (Mc 9,5.6). Qual é o medo
de Pedro e dos demais? É o mesmo que está sempre presente em nossas vidas: o
medo da cruz. Pouco antes do relato da Transfiguração, Marcos disse que Jesus havia
dito aos discípulos sobre a rejeição que Ele sofreria em Jerusalém, ao que
Pedro começou a repreendê-lo, não aceitando tal destino para seu Mestre e,
consequentemente, para seus discípulos. Jesus o havia repreendido duramente: “Vai
para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”
(8,33).
A
Transfiguração, portanto, é uma oportunidade para Jesus, que vive em íntima
comunhão com o Pai, preparar-se para seu futuro de dor e sofrimento. Mas é
também uma oportunidade necessária para formar os discípulos na necessidade de
não fugirem da cruz, mas perseverarem em meio às dificuldades da missão. É
verdade que o sofrimento existente no mundo é um mistério. Muitas vezes não
entendemos o que Deus quer de nós, porque, diferentemente de Jesus, não vivemos
esta comunhão plena com o Senhor, não temos a mesma compreensão dos mistérios
divinos. Contudo, ao vermos que Jesus passou pelos sofrimentos, acolhemos pela
fé que eles podem ter um valor importante para nossas vidas.
Como
o salmista, possamos também dizer: “Guardei a minha fé, mesmo dizendo: É demais
o sofrimento em minha vida!” (Sl 115,10). Assim fez Abraão que, mesmo não
compreendendo o que Deus lhe pedia, colocou-se a caminho com confiança (cf. Gn
22,1-18). Esta força, que cada um de nós também pode ter, só pode vir de uma consciência:
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31b). Nas cruzes da vida, confiemos
no Cristo, pois foi o próprio Pai quem disse: “Este é o meu Filho amado.
Escutai o que ele diz!” (Mc 9,7)
* Para meditar as leituras deste 2º
Domingo da Quaresma, acesse: Arquidiocese de Mariana.
* Para ler a carta apostólica Salvifici doloris, do papa São João Paulo II, sobre o sentido cristão do sofrimento humano, acesse: Vatican.
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