Um povo que produzirá frutos


27º Domingo do Tempo Comum:

Is 5,1-7
Sl 79
Fl 4,6-9
Mt 21,33-43

 

            No trecho do evangelho de Mateus proclamado neste Domingo, Jesus continua seu embate com os chefes dos judeus, em Jerusalém. Mais uma vez, a parábola contada pelo Senhor tem como pano de fundo a imagem da vinha. Um homem plantou uma vinha, cercou-a de cuidados para que produzisse muitos bons frutos e arrendou-a vinhateiros. No tempo da colheita, o proprietário enviou seus empregados aos vinhateiros para receber os frutos, mas estes os maltrataram. Enviou, depois, seu próprio filho, pensando que a ele os empregados respeitariam, mas “agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram” (21,39). É uma clara alusão à morte de Jesus, o Filho de Deus, que veio ao mundo para trazer o tempo da colheita do Pai: é Ele quem será rejeitado, crucificado e morto, fora dos muros de Jerusalém.

            “A imagem bíblica da vinha simboliza a história da salvação, a maneira como Deus age perante os israelitas e a humanidade inteira” (mons. Celso Murilo). O projeto original de Deus para a humanidade é sempre o da alegria, da comunhão plena com o Criador. O vinho, produto final dos trabalhos da vinha é símbolo de alegria, de confraternização – basta lembrarmo-nos da preocupação de Maria nas bodas de Caná: “eles não têm mais vinho” (Jo 2,3). Deus nos criou para a felicidade, junto Dele e dos irmãos.

            Mas a liturgia da Palavra nos ajuda a meditarmos também que, muito embora o amor de Deus seja grandioso para conosco, em muitos momentos somos nós que impedimos que os frutos deste amor apareçam e sejam colocados à disposição de Deus. Este contraste é apresentado de forma poética no livro do profeta Isaías. Deus cuidou desde o início de sua vinha e “esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens” (5,2).

            Ao final do trecho do evangelho proclamado neste Domingo, Jesus declara que o Reino de Deus será retirado do povo judeu e “entregue a um povo que produzirá frutos” (21,43), isto é, a Igreja, novo Povo de Deus. Isto não pode nos deixar tranqüilos, mas deve ser motivo de nos preocuparmos ainda mais: será que temos correspondido às graças que Deus nos tem oferecido? Como temos administrado a vinha do Senhor, os dons que Ele nos concedeu? Temos produzido frutos para o bem da vinha, da comunidade dos filhos de Deus?

Um exemplo: o papa Francisco lançou no último dia 4 de outubro, a exortação apostólica Laudate Deum, sobre a crise climática. Nela, o Santo Padre destaca que Deus encheu o mundo de suas maravilhas, presentes na natureza, à nossa volta. Como temos cuidado, enquanto humanidade, desta vinha/casa comum, que Deus nos concedeu? Fazendo com que ela seja respeitada ou contribuindo para que ela seja destruída?

 

* Para meditar as leituras deste 27º Domingo do Tempo Comum, acesse: Arquidiocese de Mariana.

 

* Para ler a exortação apostólica Laudate Deum, sobre a crise climática, do papa Francisco, acesse: Vatican.

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