A esperança não decepciona
Sl 26
Rm 5,5-11
Jo 6,37-40
A
comemoração de todos os fieis falecidos nos remete a uma das maiores certezas
que nos acompanham em nossa vida (talvez a mais assustadora delas): a da
inevitabilidade da morte. Quando chegar o momento, enfrentaremos a morte
corporal, pela qual já passaram tantos antes de nós, inclusive parentes e
amigos próximos. Por eles rezamos neste dia.
Se é verdade que todos
enfrentamos a realidade da morte, é verdade também que nem todos a enfrentam da
mesma maneira. Dois extremos são possíveis e devem ser evitados. Um deles é a
negação da morte, muito própria de nossa sociedade consumista, que anestesia as
consciências em busca de uma falsa felicidade. É preciso que estejamos sempre
conscientes de nosso fim: “porque tu és pó, e ao pó hás de voltar” (Gn 3,19). O
outro extremo possível é o de assumir uma postura fatalista, de quem se desespera,
considerando a morte como a palavra final, o que pode gerar no ser humano uma fisionomia
sempre triste, chorosa, angustiada.
A liturgia da Palavra
deste dia de Finados nos apresenta uma forma diferente de lidar com a morte, um
jeito que é distintivo do cristão. Lidamos com a morte, a partir daquilo que
nos prometeu Jesus: “esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o
Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia” (Jo
6,40). A morte não é para nós o fim, mas o lançar-se confiantemente nos braços
do Pai, através do Filho, que é o Caminho necessário para aqueles que desejam a
felicidade eterna, no céu.
Ao
morrer na Cruz por nós, Jesus levou ao extremo a identificação de Deus com o
ser humano. A certeza que Ele nos deixou é a de que, como Ele ressuscitou, também
nós, ao participarmos de sua vida pelo Batismo, ressuscitaremos para uma vida
nova, onde o veremos face a face. Jó proclama este ato de fé na ressurreição,
ao dizer: “Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará
sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na carne, verei a
Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros”
(19,25-27a).
É
esta a nossa esperança, tão diferente da esperança daqueles que colocam sua
segurança nos bens materiais, no poder, na violência. Nossa esperança é Jesus
Cristo, morto e ressuscitado por nós, e esta “esperança não decepciona, porque
o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi
dado” (Rm 5,5).
Pela
misericórdia de Deus, as almas dos fieis falecidos descansem em paz. Amém.
* Para meditar as leituras desta comemoração de Todos os Fieis Falecidos, acesse: Canção Nova.

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