A esperança não decepciona


 Todos os Fieis Falecidos:

Jó 19,1.23-27a
Sl 26
Rm 5,5-11
Jo 6,37-40

 

            A comemoração de todos os fieis falecidos nos remete a uma das maiores certezas que nos acompanham em nossa vida (talvez a mais assustadora delas): a da inevitabilidade da morte. Quando chegar o momento, enfrentaremos a morte corporal, pela qual já passaram tantos antes de nós, inclusive parentes e amigos próximos. Por eles rezamos neste dia.

Se é verdade que todos enfrentamos a realidade da morte, é verdade também que nem todos a enfrentam da mesma maneira. Dois extremos são possíveis e devem ser evitados. Um deles é a negação da morte, muito própria de nossa sociedade consumista, que anestesia as consciências em busca de uma falsa felicidade. É preciso que estejamos sempre conscientes de nosso fim: “porque tu és pó, e ao pó hás de voltar” (Gn 3,19). O outro extremo possível é o de assumir uma postura fatalista, de quem se desespera, considerando a morte como a palavra final, o que pode gerar no ser humano uma fisionomia sempre triste, chorosa, angustiada.

A liturgia da Palavra deste dia de Finados nos apresenta uma forma diferente de lidar com a morte, um jeito que é distintivo do cristão. Lidamos com a morte, a partir daquilo que nos prometeu Jesus: “esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,40). A morte não é para nós o fim, mas o lançar-se confiantemente nos braços do Pai, através do Filho, que é o Caminho necessário para aqueles que desejam a felicidade eterna, no céu.

            Ao morrer na Cruz por nós, Jesus levou ao extremo a identificação de Deus com o ser humano. A certeza que Ele nos deixou é a de que, como Ele ressuscitou, também nós, ao participarmos de sua vida pelo Batismo, ressuscitaremos para uma vida nova, onde o veremos face a face. Jó proclama este ato de fé na ressurreição, ao dizer: “Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros” (19,25-27a).

            É esta a nossa esperança, tão diferente da esperança daqueles que colocam sua segurança nos bens materiais, no poder, na violência. Nossa esperança é Jesus Cristo, morto e ressuscitado por nós, e esta “esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

            Pela misericórdia de Deus, as almas dos fieis falecidos descansem em paz. Amém.

           

* Para meditar as leituras desta comemoração de Todos os Fieis Falecidos, acesse: Canção Nova.

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