A Deus o que é de Deus
29º Domingo do Tempo Comum:
Sl 95
1Ts 1,1-5b
Mt 22,15-21
Os
fariseus e partidários do rei Herodes fazem planos para apanhar Jesus em alguma
contradição e perguntam: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato,
ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros,
pois não julgas um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É
lícito ou não pagar imposto a César?” (Mt 22,16-17). É uma cilada. Se Jesus disser que não é lícito, Ele se coloca do
lado dos judeus e pode ser condenado por Roma como um subversivo. Se disser que
o pagamento de impostos a César é lícito, estaria contra seu povo e, sendo um
traidor da pátria, não seria digno de ser considerado o Messias esperado. A
resposta de Jesus é uma grande demonstração de sua sabedoria: “Dai pois a César
o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (22,21).
Jesus
não faz compromissos e concessões a quem quer que seja. Sua preocupação é uma
só: fazer a vontade do Pai, instaurar neste mundo o Reino dos Céus. Seu reinado
não é uma dominação do ponto de vista político como esperavam os judeus e,
portanto, não deve ser considerado uma ameaça ao poder temporal do imperador
Tibério César. Os fariseus e herodianos, que bajulam a Jesus antes de colocá-lo
à prova, estão certos em seu elogio: Jesus é verdadeiro, não se influencia por
opiniões ou aparências, mas ensina o caminho de Deus.
A
missão da Igreja e de cada cristão não é diferente. Também nós somos chamados a
darmos testemunho de nossa fé, contribuindo com o crescimento do Reino de Deus
em nosso meio. Para isso, precisamos estar vigilantes, deixando de lado qualquer
outro “compromisso” que nos aprisione. Não posso, por exemplo, ser bom com quem
me agrada e mal com quem me incomoda, ou buscar privilegiar aqueles que votam
no mesmo partido que eu. Não faz sentido deixar de assumir toda a fé cristã e
aceitar apenas as verdades que minha ideologia política concorda. Quem é, de
fato, o Deus de minha vida? O Senhor ou algum outro?
Recentemente,
o papa Francisco nos mostrou que este posicionamento é necessário, por exemplo,
no que se refere à guerra: os cristãos devem “colocar-se de um só lado neste
conflito: o da paz; mas não com palavras, com a oração, com a dedicação total”.
Também santa Dulce dos Pobres, a quem os políticos brasileiros sempre quiseram
instrumentalizar para alcançar seus objetivos, nunca entrou nestes esquemas e
sempre dizia: “O meu partido é a pobreza. A minha política é a do amor ao próximo”.
Celebrando,
neste Domingo, o Dia Mundial das Missões, assumamos a missão de Cristo,
comprometendo-nos com Deus e seu Reino, não com os vários césares à nossa
volta.
* Para meditar as leituras deste 29º
Domingo do Tempo Comum, acesse: Arquidiocese de Mariana.
* Para ler o apelo do papa Francisco
pela paz no Oriente Médio, acesse: L'Osservatore Romano.
* Para ler a mensagem do papa Francisco para o Dia Mundial das Missões de 2023, acesse: Vatican.

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