Para que o mundo seja salvo

 
 

Exaltação da Santa Cruz:
Nm 21,4b-9
Sl 77
Fl 2,6-11
Jo 3,13-17

 

            A celebração da Exaltação da Santa Cruz nos remete novamente à Sexta-feira da Paixão, para meditarmos, agora de forma festiva, o valor infinito do sacrifício de Cristo por nós. A carta de Paulo aos Filipenses toca neste mistério como poucos outros textos bíblicos: “Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,6.8). Ressuscitado dos mortos, o Filho foi exaltado e recebeu do Pai eterno “o Nome que está acima de todo nome” (2,9) – o nome de Senhor: “Jesus Cristo é o Senhor” (2,11).

            No evangelho de João, Jesus explica o motivo de sua entrega na Cruz. No trecho proclamado nesta festa, aparecem quatro vezes a preposição “para”, que indica um movimento em direção a algo, um objetivo que se quer alcançar. Quando faço algo, faço para alcançar algum objetivo. O Verbo de Deus, que se fez carne e morreu na Cruz, explica qual é o objetivo por trás de todas as suas ações: “para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna... para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,15.17). Jesus não acolhe a cruz por amor ao sofrimento (isto seria doentio!), mas para trazer à humanidade os frutos de salvação desejados pelo Pai desde a eternidade. A cruz apareceu em seu caminho e Ele a abraçou com coragem e alegria: “Que direi: ‘Pai, livra-me desta hora’? No entanto, foi para isto que eu vim, para esta hora” (Jo 12,27). “Eu vim para que todos tenham vida” (Jo 10,10).

            Portanto, toda a vida de Jesus e em especial o seu sacrifício na cruz, foi pensando em nós, em nossa salvação. Não há egoísmo, mas somente despojamento, serviço, amor. Também a vida dos discípulos de Jesus, deixa de ser uma vida autocentrada, preocupada apenas com suas necessidades, para olhar para os sofrimentos e anseios daqueles que estão à sua volta. Dom Bosco disse certa vez: “Deus nos colocou no mundo para os outros”.

            Na vivência desta vocação cristã de sermos totalmente para os outros, como Cristo foi para nós, as cruzes aparecerão. O sofrimento, a incompreensão e as perseguições são inerentes à vida daqueles que se configuram totalmente a Jesus – se não estiver sendo assim, talvez haja algo errado! Contudo, há uma frase do filósofo Friedrich Nietzsche, retomada posteriormente pelo psicólogo Viktor Frankl, que nos ajuda a olharmos para Jesus, tomarmos também nossa cruz e segui-lo (cf. Mt 16,24): “Quem tem um porquê, enfrenta qualquer como”.

 

* Para meditar as leituras desta festa da Exaltação da Santa Cruz, acesse: Canção Nova.

 

* Para meditar um pouco mais sobre o valor da Cruz no seguimento a Jesus, acesse o artigo de Dom Vital Corbellini: Vatican News.

Comentários