Misericórdia e piedade é o Senhor
Is 55,6-9
Sl 144
Fl 1,20c-24.27a
Mt 20,1-16a
No
trecho do evangelho proclamado neste Domingo, Jesus conta aos discípulos a
parábola dos trabalhadores da vinha. O patrão sai em diversas horas do dia para
contratar trabalhadores para sua vinha e combina com eles o mesmo salário. Ao
final do dia, todos recebem o mesmo valor, a começar pelos que chegaram depois,
o que gera nos empregados e em nós, leitores desta passagem, certa indignação: “Estes
últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o
cansaço e o calor o dia inteiro” (20,12)!
No
capítulo 20 de Mateus, Jesus está indo para Jerusalém onde entregará livremente
sua vida por nós. Ele não conta esta parábola por acaso. Aqueles que o
escutavam entendiam muito bem a quem ele estava comparando os trabalhadores que
chegaram cedo ao trabalho e acabaram por ser igualados com os demais e até
mesmo ultrapassados por eles. De fato, os judeus, que tinham a Lei e os profetas,
tinham o coração fechado demais e não eram capazes de reconhecer o Deus que
finalmente veio visitar a humanidade. Os pagãos, ao contrário, que sempre foram
considerados pelos judeus como inferiores, se abriram com muito mais
generosidade à mensagem do Evangelho. “Assim, os últimos serão os primeiros, e
os primeiros serão os últimos” (20,16a).
O
certo é que a Liturgia da Palavra deste 25º Domingo do Tempo Comum nos ajuda a
percebermos uma verdade importante de nossa fé: em Deus, justiça e misericórdia
se igualam. Por vezes escutamos: “Deus é bom, mas é justo também...”, uma frase
que tem por objetivo amedrontar as pessoas, acabando por criar uma imagem de
que justiça e misericórdia são práticas distintas e até mesmo concorrentes
entre si. Na verdade, os caminhos e pensamentos de Deus estão tão acima dos
nossos “quanto o céu está acima da terra” (Is 55,9), de tal forma que Ele se
manifesta justo exatamente quando se enche de misericórdia para com aqueles que
são considerados últimos, descartados. Basta ver seu carinho todo especial para
com os pecadores, os daquele tempo e os de hoje – talvez eles estejam muito
mais perto da salvação que nós, que nos achamos perfeitos, a ponto de julgá-los
e afastá-los de nossos espaços.
Paulo,
na carta aos Filipenses, declara: “Só uma coisa importa: vivei à altura do
Evangelho de Cristo” (1,27a). Aprendamos de Jesus a sermos humildes e
misericordiosos!
* Para meditar as leituras deste 25º Domingo do Tempo Comum, acesse: Arquidiocese de Mariana.

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