Subir e descer a montanha


 Transfiguração do Senhor:

Dn 7,9-10.13-14
Sl 96
2Pd 1,16-19
Mt 17,1-9

 

            Celebramos a festa da Transfiguração do Senhor. O relato desta cena foi colocado por Mateus logo após o primeiro anúncio da paixão, quando “Jesus começou a mostrar aos discípulos que deveria ir a Jerusalém, sofrer muito da parte dos anciãos, sumos sacerdotes e escribas e ser morto; e ao terceiro dia, ressuscitar” (16,21). Também os discípulos devem assumir a realidade da cruz em suas vidas: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (16,24). É neste contexto que Jesus leva alguns de seus discípulos a uma alta montanha, para prepará-los para a cruz da missão, na certeza da glória que os espera. Há um duplo movimento neste relato: subir e descer a montanha.

            Subir a montanha é, mais que uma indicação geográfica, um símbolo da vida de oração, do encontro com Deus. Quem quer desempenhar bem sua missão neste mundo, não pode contar apenas com suas forças, pois são muito poucas, mas deve capacitar-se sempre mais através do encontro com Deus, pois “seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7,14). Pedro, que experimentou a força deste encontro, quis permanecer ali mais um pouco e exclamou: “Senhor, é bom ficarmos aqui” (Mt 17,4). Quando os membros da Igreja contam com suas próprias forças e deixaram de lado a vida de oração, a espiritualidade, acabam por se perder pelo caminho.

            Mas a vida de oração se completa é na prática, na vivência do amor. Quem sobe o monte, não pode ficar ali para sempre, mas precisa descer dele em algum momento, trazendo junto de si a força de Deus para desempenhar sua missão no mundo. É o momento do anúncio de Jesus Cristo, do tomar a cruz do amor e segui-lo, servindo os irmãos em suas necessidades. Jamais uma Igreja fechada em si mesma, mas aberta ao mundo, em saída.

            Iniciamos este mês de Agosto, que no Brasil é dedicado à reflexão sobre as vocações: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33) – é o que tanto temos escutado. Neste 1º Domingo do mês, quando rezamos especialmente pelas vocações ao ministério ordenado, temos em São João Maria Vianney, o padroeiro dos padres, um exemplo admirável de quem entendeu a mensagem da Transfiguração. Segundo o Cura d’Ars, “esta é a mais bela profissão do homem: rezar e amar. Se rezais e amais, eis aí a felicidade do homem sobre a terra”.

            

* Para meditar as leituras desta festa da Transfiguração do Senhor, acesse: Arquidiocese de Mariana.

 

* Para conhecer a história de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, acesse: YouTube.

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