Venha a nós o vosso reino


17º Domingo do Tempo Comum:
1Rs 3,5.7-12
Sl 118
Rm 8,28-30
Mt 13,44-52

 

            “Venha a nós o vosso reino” é o pedido que fazemos a cada dia, na oração do Pai-Nosso (cf. Mt 6,10). É sobre este Reino dos Céus que temos meditado nos últimos Domingos. Na Liturgia da Palavra deste 17º Domingo do Tempo Comum, Jesus compara-o a “um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” (Mt 13,44-46).

Portanto, a vinda do Reino acontece em dois momentos: encontro e despojamento. Encontro com a vida plena, que Deus quer comunicar a cada ser humano; despojamento de tudo o que nos pode impedir de fazer este encontro.

Encontro. Muito mais do que um aprendizado intelectual e acadêmico, o Reino dos Céus deve ser experimentado, encontrado por cada um. É Jesus o verdadeiro tesouro escondido no campo, a pérola mais preciosa que podemos adquirir. Este encontro total, que dá sentido novo à vida, deve ser buscado a cada dia, através de uma união sempre mais forte com o Cristo pela oração pessoal e pela participação nos sacramentos e na vida da comunidade. É aquilo que o papa Bento XVI expressou no primeiro parágrafo de sua carta encíclica Deus caritas est: “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”. Como tem sido meu encontro com o Reino dos Céus?

Despojamento. Quem sabe onde se encontra este tesouro, não precisa de mais nada, considera tudo como lixo (cf. Fl 3,8), vende seus bens para adquirir o único necessário: “importa desapegar-se de todas as posses que não vale a pena segurar ciosamente e arriscar tudo o que nos pertence para ter acesso a valores mais altos, que sejamos conquistar... O Reino é tudo, é o ‘único necessário’, que nos leva a abandonar o resto sem hesitação nem lamentos inúteis” (Mons. Celso Murilo). Salomão entendeu bem esta mensagem, preferindo a sabedoria de Deus na prática da justiça, do que vida longa, riqueza ou poder (cf. 1Rs 3,10-12). Tenho me despojado de meus interesses pessoais em prol de acolher e anunciar o Reino?

Ainda um sentimento deve encher nossos corações nestes dias: o agradecimento a Deus pela vida e ministério de Dom Geraldo Lyrio Rocha entre nós. O querido arcebispo emérito de Mariana faleceu no último dia 26 de julho, dando até o fim um testemunho de desapego de tudo, em prol de anunciar o Reino dos Céus: morreu em missão, em Altamira/PA, onde conduziria um retiro espiritual. Sua morte (como toda a sua vida) são um sinal grandioso da experiência do encontro com o Reino, expresso no lema do 3º Ano Vocacional no Brasil: “corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33).

           

* Para meditar as leituras deste 17º Domingo do Tempo Comum, acesse: Arquidiocese de Mariana.

 

* Para ler a carta encíclica Deus caritas est, sobre o amor cristão, do Papa Bento XVI, acesse: Vatican.

 

* Para conhecer um pouco da história de Dom Geraldo, acesse: Arquidiocese de Mariana.

Comentários