Sou manso e humilde de coração
Sl 144
Rm 8,9.11-13
Mt 11,25-30
A
Liturgia da Palavra deste Domingo nos dá um conselho muito antigo, mas sempre atual:
a HUMILDADE. O trecho proclamado do evangelho de Mateus é retirado de uma seção
em que Jesus trava debate com os fariseus, que o questionam sobre
particularidades da lei, como a observância do sábado. Jesus, conhecendo muito
bem os seus corações orgulhosos, garante que eles estão muito longe de cumprir
a vontade de Deus, pois o Pai esconde seus mistérios aos sábios e entendidos e
os revela aos pequeninos (cf. Mt 11,25).
Ninguém
é merecedor da graça de Deus, pois todos somos pecadores! “Ninguém tem acesso
aos segredos do Reino limitando-se a grandes esforços intelectuais, exibindo
títulos acadêmicos, apegando-se às próprias ideias ou às qualidades pessoais,
mas fazendo-se pequeno e humilde, à maneira do Divino Mestre” (mons. Celso Murilo).
Disto, são testemunhas tantos santos, que mudaram radicalmente de vida, quando
perceberam que a felicidade não está no ter-poder-prazer, mas no abandonar-se
totalmente nas mãos de Deus, pela humildade: que o digam os nobres (que se
fizeram pobres) de Assis, Francisco e Clara!
A
razão para buscarmos viver sempre melhor a virtude da humildade em nossas vidas
está no próprio Cristo. “Ele, existindo em forma divina, não considerou um
privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de servo e
tornando-se semelhante ao ser humano” (Fl 2,6s). O Deus todo-poderoso veio ao
nosso encontro, não se apoiando em meios humanos, mas totalmente humilde,
anunciando a paz às nações (cf. Zc 9,9s). Precisamos de uma imagem ilustrativa
disto? Basta que olhemos para o presépio e para a cruz...
Uma
história da vida de São Felipe Néri (1515-1595) ajuda a ilustrar o valor da
humildade. Havia em Roma uma monja com fama de santidade: segundo o que diziam,
ela tinha visões celestes e poderes sobrenaturais. O Papa da época, que nutria
por São Felipe uma grande admiração, teria mandado o santo àquele monastério
para investigar se aquela monja era realmente santa. No caminho, o bem-humorado
Felipe Néri foi surpreendido com um temporal, chegando na casa religiosa todo
ensopado e enlameado dos pés à cabeça. Então veio à sua mente uma forma de
investigar a santidade da monja já ali: tão logo foi apresentado à religiosa,
disse a ela: “a senhora pode fazer o favor de me tirar os sapatos enlameados?”.
A monja, indignada, virou de costas, deixando Felipe Néri sozinho.
Imediatamente, Felipe voltou e concluiu o caso: que o Papa ficasse tranquilo, que
aquela mulher não era santa, devia antes ser transferida para outra casa
religiosa, pelo seu bem e o de suas companheiras.
* Para meditar as leituras deste 14º Domingo do Tempo Comum, acesse: Arquidiocese de Mariana.

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