Sou manso e humilde de coração


14º Domingo do Tempo Comum:
Zc 9,9-10
Sl 144
Rm 8,9.11-13
Mt 11,25-30

 

            A Liturgia da Palavra deste Domingo nos dá um conselho muito antigo, mas sempre atual: a HUMILDADE. O trecho proclamado do evangelho de Mateus é retirado de uma seção em que Jesus trava debate com os fariseus, que o questionam sobre particularidades da lei, como a observância do sábado. Jesus, conhecendo muito bem os seus corações orgulhosos, garante que eles estão muito longe de cumprir a vontade de Deus, pois o Pai esconde seus mistérios aos sábios e entendidos e os revela aos pequeninos (cf. Mt 11,25).

            Ninguém é merecedor da graça de Deus, pois todos somos pecadores! “Ninguém tem acesso aos segredos do Reino limitando-se a grandes esforços intelectuais, exibindo títulos acadêmicos, apegando-se às próprias ideias ou às qualidades pessoais, mas fazendo-se pequeno e humilde, à maneira do Divino Mestre” (mons. Celso Murilo). Disto, são testemunhas tantos santos, que mudaram radicalmente de vida, quando perceberam que a felicidade não está no ter-poder-prazer, mas no abandonar-se totalmente nas mãos de Deus, pela humildade: que o digam os nobres (que se fizeram pobres) de Assis, Francisco e Clara!

            A razão para buscarmos viver sempre melhor a virtude da humildade em nossas vidas está no próprio Cristo. “Ele, existindo em forma divina, não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante ao ser humano” (Fl 2,6s). O Deus todo-poderoso veio ao nosso encontro, não se apoiando em meios humanos, mas totalmente humilde, anunciando a paz às nações (cf. Zc 9,9s). Precisamos de uma imagem ilustrativa disto? Basta que olhemos para o presépio e para a cruz...

            Uma história da vida de São Felipe Néri (1515-1595) ajuda a ilustrar o valor da humildade. Havia em Roma uma monja com fama de santidade: segundo o que diziam, ela tinha visões celestes e poderes sobrenaturais. O Papa da época, que nutria por São Felipe uma grande admiração, teria mandado o santo àquele monastério para investigar se aquela monja era realmente santa. No caminho, o bem-humorado Felipe Néri foi surpreendido com um temporal, chegando na casa religiosa todo ensopado e enlameado dos pés à cabeça. Então veio à sua mente uma forma de investigar a santidade da monja já ali: tão logo foi apresentado à religiosa, disse a ela: “a senhora pode fazer o favor de me tirar os sapatos enlameados?”. A monja, indignada, virou de costas, deixando Felipe Néri sozinho. Imediatamente, Felipe voltou e concluiu o caso: que o Papa ficasse tranquilo, que aquela mulher não era santa, devia antes ser transferida para outra casa religiosa, pelo seu bem e o de suas companheiras.

 

* Para meditar as leituras deste 14º Domingo do Tempo Comum, acesse: Arquidiocese de Mariana.

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