Ressuscitou, como havia dito!


Leituras (após o canto do Glória):
Rm 6,3-11
Sl 117
Mt 28,1-10

 

            “Ó noite de alegria verdadeira, que une de novo o céu e a terra inteira”: é este o refrão que cantamos na Proclamação da Páscoa. Depois de um longo percurso quaresmal, tempo de penitência, oração e caridade, e depois de celebrarmos a entrega de Jesus na cruz, a Igreja canta nesta noite a grande alegria de sua fé: Jesus ressuscitou! O círio pascal nos lembra que Cristo é a luz do mundo, capaz de dissipar toda escuridão do mal. A renovação das promessas batismais nos faz agradecidos a Deus por nos fazer participantes de sua vida pelo Batismo, o que deve se traduzir também no desejo de, “como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova” (Rm 6,4).

            A partir disso, o que poderia significar a ressurreição de Jesus para cada um de nós, hoje? Em que me afeta o fato de Jesus ter passado pela morte como todos os seres humanos e ressuscitado no silêncio daquela madrugada? A celebração da ressurreição, de fato, não é um evento totalmente grandioso do ponto de vista social – o mundo não vai mudar radicalmente de um dia para o outro. Continuaremos percebendo incoerências e enfrentando as dificuldades e sofrimentos presentes à nossa volta... Se não fosse para ser assim, desde o início Jesus teria aparecido ressuscitado para o mundo inteiro, não apenas para uns poucos discípulos.

            A mudança que a ressurreição de Jesus provoca na vida dos cristãos é, antes de tudo, uma forma nova e discreta de percebermos a vida, de nos relacionarmos com Deus, conosco mesmos, com nossos irmãos. É o que podemos perceber no anúncio do anjo às mulheres que foram ver o sepulcro: “Ele não está aqui! Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que vai à vossa frente para a Galileia. Lá vós o vereis” (Mt 28,7).

            Por que voltar à Galileia para encontrar com Jesus ressuscitado? Por que não se pode vê-lo já em Jerusalém, onde estavam os apóstolos? Por que os discípulos devem voltar ao lugar do primeiro chamado e também das primeiras quedas e contradições, o lugar em que o pecado se fez mais evidente? Certamente é este o desejo de Jesus: que, cheios desta experiência da ressurreição de Cristo em Jerusalém, voltemos agora à Galileia de nossa história de vida, dos nossos afazeres diários... É lá que o encontraremos. É lá que o devemos anunciar com uma nova postura de vida!

            Feliz Páscoa!


* Para meditar as leituras da Vígilia Pascal, acesse: Arquidiocese de Mariana.

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