Tenho sede


  

Leituras:
Ex 17,3-7
Sl 94
Rm 5,1-2.5-8
Jo 4,5-42

 

            A liturgia do 3º Domingo da Quaresma nos apresenta o belo diálogo entre Jesus e uma mulher samaritana. Inicialmente, Jesus se apresenta a ela como quem tem sede, cansado da viagem: “Dá-me de beber” (Jo 4,7). Aos poucos, porém, Jesus mostra-se como a verdadeira fonte, querendo dar de beber: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva” (4,10). Aqui, João adianta um tema que voltará num momento decisivo, na Cruz: a sede de Jesus que exclama “Tenho sede” (19,28); e a água que brota do lado do Cristo morto, ferido pela lança (cf. 19,34).

            São, portanto, dois grandes mistérios, inseparáveis um do outro: o despojamento de Cristo e a sua exaltação, fonte de vida para todos os que o acolhem. Sua sede é, na verdade, a de fazer a vontade do Pai que o enviou (cf. Jo 4,34). “Este é o verdadeiro mistério, a absoluta novidade. É o paradoxo de um Deus que se torna necessitado e mendigo. É o mistério de um Deus que se torna ser humano, necessitado como os outros homens, para ter um pretexto para os encontrar e dar-lhes a água que apaga a sede” (R. Fabris e B. Maggioni. Os Evangelhos II. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1992. p. 316).

            Quando entramos em contato com esta realidade tão grandiosa sentimo-nos impelidos a bebermos também desta água/sede de Jesus. É o que aconteceu com aquela mulher, que termina por suplicar: “Senhor, dá-me dessa água” (Jo 4,15). Tornando-se, a partir de então, sedenta de fazer também a vontade do Pai, a samaritana torna-se “uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (4,14), ao deixar seu cântaro e ir à cidade anunciar que encontrou o Cristo (cf. 4,28). E “muitos samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em Jesus, por causa da palavra da mulher que testemunhava” (4,39).

            A experiência da mulher samaritana deve ser a experiência de cada um de nós: encontrarmo-nos com o Cristo, bebermos da água da vida que Ele tem a nos oferecer, tornarmo-nos sedentos de fazermos a vontade do Pai, saciando a sede de tantos à nossa volta. Ele mesmo é quem tem sede no irmão necessitado; Ele mesmo é quem sacia a sede através dos seus discípulos: “Povos todos que escutais este apelo junto à Cruz: Ah, por que não saciais esta sede de Jesus?” (Pe. Ralfy Mendes, Canto das Sete Palavras).

 

* Para meditar as leituras do 3º Domingo da Quaresma, acesse: Liturgia - Arq. Mariana.

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