Eu sou a ressurreição e a vida


Leituras:
Ez 37,12-14
Sl 129
Rm 8,8-11
Jo 11,1-45

 

            Celebramos o 5º Domingo da Quaresma. Com a liturgia da Palavra, vamos entrando cada vez mais no clima emocional vivido por Jesus e pelos discípulos às vésperas de sua prisão e morte de cruz. Medo e sofrimento são sentimentos presentes neste momento: medo dos discípulos em voltarem à Judeia, onde os judeus já haviam ameaçado apedrejar Jesus (Jo 11,8); e sofrimento das duas irmãs Marta e Maria com a doença e morte de seu irmão Lázaro, sofrimento compartilhado pelo próprio Jesus, que o amava: “E Jesus chorou” (11,35).

            É importante notar que este trecho da “ressurreição de Lázaro” pode ser considerado um paralelo de João à narração feita pelos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) da transfiguração de Jesus. Para estes, antes de se entregar na cruz, Jesus levou alguns de seus discípulos para um monte, onde revelou a eles a sua glória de junto do Pai: isto para prepará-los para a realidade de sofrimento que o esperava. O evangelista João, que não narra o evento da transfiguração, trabalha neste trecho da restituição da vida de Lázaro com o mesmo objetivo: Jesus prepara seus discípulos para a realidade da cruz antecipando para eles, desde já, a sua glória de ressuscitado. Por isto a frase dita a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá” (Jo 11,25).

            Trata-se, portanto, de um momento importantíssimo. O evangelho de João é divido em duas grandes partes: a primeira, chamada de “livro dos sinais” (dos capítulos 2 a 12), apresenta sete sinais que mostram para os discípulos a divindade de Jesus. A ressurreição de Lázaro, no capítulo 11, é o sétimo sinal, como que uma “dobradiça” que já prepara para a segunda parte do evangelho, o “livro da glória” (capítulos 13 a 20), que mostrará o sinal por excelência de Jesus ao mundo: a sua ressurreição dos mortos.

            Para João, os sinais não devem ser vistos como objetos em si, mas sempre como algo que aponta para um significado. O sinal de Lázaro, por exemplo, não deve ser buscada por si só (aliás, depois disso, ele morreu novamente), mas aponta para um fato muito maior: Jesus tem o poder de ressuscitar dos mortos e o fará também conosco! Para tanto, é preciso ver os sinais de sua presença à nossa volta, acreditar nele e testemunhá-lo com alegria, com uma vida renovada, não mais “segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8,9).

 

* Para meditar as leituras deste 5º Domingo da Quaresma, acesse: Liturgia Diária.

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