Eu sou a luz do mundo
Leituras:
Sl 22
Ef 5,8-14
Jo 9,1-41
A
liturgia da Palavra deste 4º Domingo da Quaresma possui um forte teor batismal –
como, aliás, é todo o tempo quaresmal, como preparação para a renovação das
promessas de nosso Batismo, na Vigília Pascal. Do Primeiro Livro de Samuel
escutamos sobre o óleo com o qual Davi é ungido rei: “e a partir daquele dia o
espírito do Senhor se apoderou de Davi” (16,13a). Podemos ver, aqui, um sinal do
Óleo do Crisma, com o qual somos
ungidos no Batismo e na Crisma, e significa a plenitude do Espírito Santo na
vida do cristão.
Elementos
batismais podem ser percebidos também no evangelho: a lama que Jesus faz com
saliva e com a qual unge os olhos do cego (recordando o Óleo dos Catecúmenos, libertação do mal e preparação para receber a
graça batismal); a água, com a qual o cego se lava (sinal da Água do Batismo, que apaga a mancha do
pecado original); e a Luz, que
aquele homem passa finalmente a enxergar, após ser curado por Jesus (simbolizada,
no Batismo, com o acendimento da vela no Círio Pascal). É surpreendente notar
como João, basicamente, narra uma liturgia batismal: “Dito isto, Jesus cuspiu
no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego. E disse-lhe:
‘Vai lavar-te na piscina de Siloé’ (que quer dizer: Enviado). O cego foi,
lavou-se e voltou enxergando” (9,6s).
Debrucemo-nos
um pouco sobre o elemento da luz. Ao restituir a vista àquele homem cego, Jesus
dá a ele algo que emana de seu próprio ser: “Enquanto estou no mundo, eu sou a
luz do mundo” (Jo 9,5). É o Cristo, portanto, a luz que dissipa toda treva,
possibilitando ao homem uma nova forma de lidar consigo mesmo, com o mundo que
o rodeia e, finalmente, com Deus. Quando nos deixamos iluminar pela luz de
Cristo, podemos finalmente enxergar os cantos mais sombrios de nossa história,
reconhecer nossas falhas, procurar a conversão: “Outrora éreis trevas, mas
agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz. E o fruto da luz chama-se:
bondade, justiça, verdade. Discerni o que agrada ao Senhor” (Ef 5,8-10). Aliás,
um dado interessante é o fato de que, na Igreja Antiga, os batizados eram
chamados “iluminados”.
Não
permitamos que seja válida para nós a advertência que Jesus faz aos fariseus
(cf. Jo 9,40s): eles estão diante da própria Luz, mas preferem apegar-se às
suas comodidades e pecados do que serem iluminados – acabam por nunca saírem
das trevas!
* Para meditar as leituras deste 4º Domingo da Quaresma, acesse: Liturgia - Arq. Mariana.

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