Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão
Sl 118
1Cor 2,6-10
Mt 5,17-37
Nos
primeiros anos da Igreja, como no nosso tempo, havia muitas divergências entre
grupos religiosos. A comunidade de Mateus presenciou algumas destas dificuldades,
o que podemos perceber através do evangelho proclamado na liturgia deste 6º
Domingo do Tempo Comum. Alguns cristãos de origem pagã corriam o risco de
eliminar toda a ligação de Jesus com a revelação que veio antes Dele, isto é, o
Antigo Testamento. Acreditavam que o único importante era o Cristo, tudo o mais
(os patriarcas, os profetas...) não tinha qualquer papel de importância para
sua fé. É para estes que Jesus diz: “Não penseis que vim abolir a Lei e os
Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17).
Um
outro grande grupo deste período era o dos fariseus e mestres da Lei. Eram
judeus extremamente observantes da lei mosaica, a ponto de levá-la ao extremo,
criando regras para cada comportamento humano, como o número de passos que se
poderia andar em um dia ou a forma certa de se lavar um objeto. Jesus travou
grandes embates com eles, o que ficou testemunhado em várias passagens dos
evangelhos, sempre acusando sua exterioridade, com uma fé baseada nas
aparências e não no encontro real com Deus. Aos discípulos, Jesus lembrou:
“porque eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres
da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20).
Jesus,
portanto, lembra a nós, seus discípulos, que uma e outra atitudes são
reprováveis e, portanto, não devem estar presentes na vida do cristão. A
verdadeira fé cristã é sempre uma continuidade com aquilo que recebemos de
nossos antepassados, isto é, a Tradição. Mas esta nunca pode ser uma prisão na
exterioridade, que impede a comunidade de se abrir a um encontro renovado com o
Senhor. Fé e superficialidade são incompatíveis!
No
evangelho deste Domingo, Jesus dá alguns exemplos que ilustram esta situação.
Não adianta ouvir e repetir o mandamento “Não matarás!”. É preciso traduzi-lo
em situações concretas de amor e perdão no dia a dia, tomando consciência de
que matar não é apenas tirar a vida de alguém, mas também toda forma de ofensa
e rancor. “Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e
aí te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta aí
diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão” (Mt 5,24).
* Para acessar as leituras do 6º Domingo do Tempo Comum: Liturgia - Arq. Mariana.

Comentários
Postar um comentário