Deixai-vos reconciliar com Deus


Leituras:
Jl 2,12-18
Sl 50
2Cor 5,20-6,2
Mt 6,1-6.16-18

 

            No início da Quaresma, quando recebemos as cinzas, escutamos o convite de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Conversão: certamente um dos eixos centrais da experiência quaresmal. Em nossa vida, tantas vezes vivida aos atropelos e sem muita reflexão, acumulamos tantos “pesos” que nos impedem de um encontro verdadeiro com o Senhor e nos tiram a alegria de viver: ciúme, ódio, violência, medo, indiferença, egoísmo... É então que a liturgia da Igreja, baseada na experiência do povo de Israel e do próprio Cristo, nos propõe quarenta dias de deserto, para purificarmos nosso ser e podermos acolher a alegria do Senhor ressuscitado. Para Paulo, “é agora o momento favorável” (2Cor 6,2); “deixai-vos reconciliar com Deus” (5,20). De que preciso me purificar nesta Quaresma?

            Algumas práticas já bastante conhecidas e aconselhadas pelo próprio Jesus nos ajudam neste itinerário quaresmal: esmola – oração – jejum. A esmola, isto é, a caridade do serviço ao próximo, é a atitude dos que preocupam-se um pouco menos consigo mesmos e não fecham os olhos para as necessidades do irmão. A oração deve ser a nossa relação diária e confiante de filhos para com o Pai, que sempre sabe o que é melhor para nós mesmos. E o jejum é a gesto concreto daqueles que desejam perceber que não são nada sem Deus, que nos dá o alimento e a vida. Como posso praticar concretamente estas atitudes neste período?

            Embora Jesus nos aconselhe a crescer em oração, jejum e caridade, Ele também nos adverte fortemente: é preciso tomar cuidado para não praticá-los por vaidade, “na frente dos homens, só para serdes vistos por eles” (Mt 6,1), mas diante apenas do Pai, que vê o que está oculto e recompensará os que se dispuserem a trilhar este caminho com Ele (cf. Mt 6,4.6.18).

            No Brasil, temos uma grande ajuda para fugirmos da superficialidade de nossas práticas quaresmais e, assim, rasgarmos não somente as nossas vestes, mas sobretudo os nossos corações (cf. Jl 2,13). Trata-se da Campanha da Fraternidade, que, neste ano, tem como tema “Fraternidade e Fome” e lema “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16). Desta forma, nosso jejum pode se manifestar pela solidariedade aos que não têm o que comer; nossa oração buscará alcançar os que mais precisam; e nossa caridade deve chegar concretamente àqueles que têm fome de pão. Como posso viver bem a CF 2023?


* Para meditar as leituras desta Quarta-feira de Cinzas, acesse: Liturgia - Arq. Mariana.


** Para conhecer um pouco mais sobre a Campanha da Fraternidade, acesse: Campanhas - CNBB.

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