Amai os vossos inimigos

 


Leituras:
Lv 19,1-2.17-18
Sl 102
1Cor 3,16-23
Mt 5,38-48

 

            Pode ser que, de todas as exortações dadas por Jesus a seus discípulos no Sermão da Montanha, a que escutamos neste Domingo seja a mais exigente: “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mt 5,43s). Por nossa experiência pessoal, sabemos bem que uma coisa é amar os que nos são próximos, aqueles que compartilham de nossos pensamentos e por quem nutrimos algum tipo de simpatia. Mas perdoar e amar a quem nos marcou negativamente em algum momento ou continua a fazê-lo por sua personalidade, isto sim é bastante difícil de se colocar em prática.

            Mas o que faz conosco a Palavra de Deus senão tocar em nossas feridas para curá-las? Se perdermos de vista nosso desejo de conversão diária podemos abrir mão de nos chamarmos cristãos e então poderemos seguir nossa vida sem maiores questionamentos... O fato é que o pedido do Senhor é claro: aceitar, perdoar, amar os irmãos, a começar pelos mais difíceis: “Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Não procures vingança, nem guardes rancor dos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,17s).

            Embora no evangelho Jesus nos diga o que devemos fazer, nem sempre Ele nos diz como devemos fazê-lo. Isto porque, neste e em outros casos, não há receita pronta: aprende-se a amar, amando; aprende-se a perdoar, perdoando. Um passo de cada vez, com persistência nos momentos de escuridão e força para se reerguer sempre que houver uma queda. O importante é não perder a meta, nem deixar de trilhar o caminho.

            Estamos para começar, na próxima quarta-feira, um tempo muito importante – a Quaresma. Na última ceia, veremos Jesus repetir este pedido a seus discípulos, assumindo agora a categoria de um novo mandamento: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34). Que seja um tempo privilegiado para aprendermos do próprio Deus a prática do perdão e do amor: “Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão” (Sl 102,3s).


* Para meditar as leituras deste 7º Domingo do Tempo Comum, acesse: Liturgia - Arq. Mariana.


** A imagem desta publicação é do encontro do papa Francisco com os presidentes de Israel (Shimon Peres) e da Palestina (Mahmoud Abbas), na presença do Patriarca de Constantinopla (Bartolomeu I), no dia 8 de junho de 2014. Para recordar este momento inspirador na construção do perdão, do amor e da paz, acesse: Franciscanos.

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